Por Ela
Então. Eu tenho um problema com ônibus. Devo ter. Porque só me acontecem coisas desagradáveis dentro de um
(como a menina esquisita que sentou do meu lado no ônibus va-zi-o, lembra? Ah! Peguei o balaio com a dita de novo. Pois é... Não, dessa vez ela me deixou em paz. Deve ser porque não tinha lugar do meu lado... Tá bom, a bem da verdade: descobri que a tara dela não é comigo: é com o banquinho. É a terceira vez que pego a mocoronga com a bunda pregada no MES-MO lugar. Então já sabe: se pegar o 9211, NÃO SENTA NO BANQUINHO ALTINHO DO LADO DIREITO DO ÔNIBUS! A mocréia VAI sentar do seu lado, ainda que o ônibus esteja v.a.z.i.o) .
Mas então, o que eu tava dizendo? Ah, sim.
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Eu tenho muito azar em ônibus. Por exemplo, hoje.
Voltando da aula correndo, tendo que chegar em casa rápido e sair de novo pra uma entrevista. E, de novo, pro CENTRO. Ai, Deus, ninguém merece o centro de BH...
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Mas ok. Entro no ônibus e tem um, UM lugarzinho sobrando.
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'Ai, graças a Deus', pensei, sem nem me questionar porque havia pessoas em pé, se o lugar tava vazio.
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Muito feliz, abundo minha bunda na poltroninha. Um, dois, três segundos...
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'Puta! Que catinga é essa?'
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Pronto. O cara do meu lado é parente do Cascão.
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Ah, gente, tá certo, o cara deve lá ter seus problemas, ter grana curta, não poder tomar banho todo dia, morar numa casa fudida, ter andado o dia inteiro procurando trampo... sei lá! Mas aquele bodum não deixava espaço pra nenhuma compaixão para com os problemas alheios. Não, quê que é isso, faça-me o favor!...
Quando o meu nariz ardeu e ameaçou sangrar me levantei.
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Não olhei feio, não torci o nariz. Fui uma lady. Levantei, educadamente, e, como uma lady, postei-me ao fim do corredor (pra ele não ver que eu não tinha descido, né? Ó que educação que eu tenho?! Smaaack. Linda.)
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Em pé, mas respirando de novo e ganhando cor nas faces outra vez.
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Aó, pronto. O cara em pé do meu lado cansou de ficar com o braço abaixado, né? Tadinho. É que o sovaco tava precisando ventilar... Suspende o braço e os pelinhos nojentos dão o ar da graça, assim, 'balançando com a minha respiração'. Com o sovaco bem à vontade, o moço me põe a pensar 'Qual será a essência do desodorante: gambá ou cebola?'. Escolhi cebola.
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Meu nariz, ferido de morte outra vez, passa a aguardar o fim que se aproxima...
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Quando estou à beira de ficar com sérios problemas cerebrais - pela falta de oxigenação - solto a respiração. 'Meu ponto, graças a Deus!'
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Aí, pra terminar bem, o Chico César desce na minha frente (que tufo de cabelo de b***** é esse, gente?!?!).

Desço do ônibus cantando '
Mama Africa, a minha mã-ã-ãe é mãe solteira...'.
Pegar ônibus não é tão ruim, afinal de contas. Gente famosa tb pega.
PS: E eu até tenho carro. Comprado com muito custo e parcelado, por sinal. 'Então por que não vai de carro?' Porque não quero gastar R$12,00 em 4 horas de estacionamento, nem R$12,00 trocando rotativo a cada hora, ué! Porque o Centro, aqui, é a ante-sala do inferno e os flanelinhas são os ajudantes do capeta...
Melhor ser carregada igual batata dentro dele, o balaio (ou, muito apropriadamente, Bumba do Inferno, como Ele diz...)